Nossa Bússola na Facilitação Virtual: Tecnologia, Metodologia, Design e Mindset

Desde 2018 já conduzimos mais de 80 Turmas em nosso Workshop de Facilitação Virtual, capacitando mais de 1.000 profissionais em 3 idiomas - Português, Inglês e Espanhol. Neste caminho sempre buscamos entender o que poderia tornar a capacitação de Facilitadores, Educadores e Consultores mais rápida e eficaz. E assim fomos identificando as dimensões fundamentais da Facilitação Virtual. Num primeiro momento estas dimensões eram duas: Tecnologia e Metodologia.

Tecnologia

Talvez esta seja a primeira e mais óbvia camada, visto que toda a interação e fluxo de informação são mediadas por ferramentas digitais. Estamos falando aqui do hardware (computador, câmera, fones de ouvido, microfones, etc.) e do software (plataforma de videoconferência, processador de textos, quadro branco, etc.). As opções são muitas, e seguem evoluindo dia-a-dia. Para os tecnófilos, um prato cheio. Já para os tecnofóbicos, um pesadelo. Ao final, é preciso de fato conhecer, entender e dominar algumas ferramentas fundamentais.

Metodologia

Para quem tem uma trajetória na facilitação é comum conhecer uma ampla gama de métodos, processos, teorias e abordagens para o trabalho com grupos. E claro, este repertório segue crescendo ao longo do tempo. A transição para o ambiente virtual, entretanto, não é simples nem fácil. Falo um pouco sobre os desafios desta transição em outro artigo (link aqui) Alguns métodos funcionam muito bem, outros nem tanto, e a relação com o tempo é muito diferente do ambiente presencial. Nesta dimensão é preciso testar e adaptar os métodos já conhecidos e incorporar novas técnicas para alcançar os resultados esperados.

Dedicamos muito tempo explorando estas duas dimensões devido a volatilidade da Tecnologia, que evolui muito rapidamente. E também realizamos inúmeros testes e adaptações de métodos ‘analógicos’ em uma divertida aprendizagem de métodos ‘digitais’. E foi ao conhecer bem estas duas dimensões, que se descortinou uma terceira: Design.

Design

Para alcançar excelentes resultados na Facilitação Virtual é preciso combinar a tecnologia e o método. Essa combinação, quando bem feita, enriquece a experiência dos indivíduos, otimiza o uso do tempo e potencializa os resultados.

Não basta apenas um bom método, ou um bom software. É preciso um bom design para elevar a interação do grupo e o atingimento dos resultados a tal ponto que a tecnologia e o processo passam despercebidos.

O design na facilitação virtual requer prática e atenção aos detalhes. Uma dica para acelerar o desenvolvimento nesta dimensão é compartilhar o desenho das suas agendas e pedir constantemente sugestões e feedbacks de outros facilitadores. Muitas vezes um olhar externo vai te ajudar a simplificar um processo, identificar uma melhor ferramenta, e mesmo apimentar a relação entre ambos…😉

Vale ressaltar que a facilitação virtual exige um design cuidadoso, atento e ao fim isto melhora a qualidade da facilitação. Este trabalho nos ajuda a desenvolver as habilidades de facilitação de grupo.

Como disse anteriormente, buscamos sempre formas de transferir nosso conhecimento e prática para capacitar profissionais de forma rápida e consistente. E nesta busca, recentemente identificamos uma quarta dimensão que trouxe mais clareza sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos Facilitadores em nossos Workshop: Mindset.

Mindset

A quarta dimensão é o que literalmente ‘dá o Norte’ para a Facilitação Virtual. O Mindset, ou modelo mental, é uma dimensão que requer mais tempo e esforço para ser desenvolvida. Quando passamos a pensar originalmente no formato digital, ao invés de adaptar nossa experiência presencial ao digital, o design se torna mais fluido e criativo.

Uma dica importante aqui é auto-observação e troca constante de feedback com outros facilitadores virtuais para reconhecer nossas crenças e hábitos analógicos ao migrar para o ambiente online.

Neste (longo) caminho será preciso se desapegar de alguns hábitos para incorporar novos, como por exemplo:

• Antigo hábito do ambiente presencial: Ajudar o grupo resumindo e documentando as discussões e decisões dos participantes, em geral usando um flip-chart.

• Novo hábito no ambiente virtual: Dar estrutura e autonomia para que em pequenos grupos os próprios indivíduos documentem suas discussões e decisões em documentos compartilhados.

» Antigo hábito do ambiente presencial: Confiar na sua própria ‘leitura de grupo’ para aferir se o processo está caminhando a contento e se todos estão engajados e produtivos.

» Novo hábito no ambiente virtual: Checar verbalmente com o grupo, pedindo indicações explícitas se estão avançando e se todos estão ‘a bordo’.

+ Antigo hábito do ambiente presencial: Ter como apoio visual um conjunto de slides projetados em uma tela, o que no virtual se tornou o excessivo ‘compartilhamento de tela’.

+ Novo hábito no ambiente virtual: Compartilhar o link para os slides com os participantes, verbalizando em qual slide está trabalhando, dando autonomia e elevando o engajamento.

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Recapitulando e sintetizando as quatro dimensões:

Tecnologia: a dimensão mais explícita e objetiva.
Identifique o que é necessário, e aprenda na prática. Menos é mais.

Metodologia: um campo de experimentação e adaptação criativa.
Simplificar e quebrar processos longos em etapas curtas é fundamental.
O simples traz resultados positivos sempre.

Design: uma enorme oportunidade de aprendizagem e troca com pares.
Conecte-se, amplie sua rede e troque o máximo possível. Quanto mais se compartilha, mais se tem. Teste, faça pilotos, experimente com pessoas próximas de sua rede.

Mindset: uma jornada sem fim de auto-observação e auto-desenvolvimento. Aproveite a viagem e divirta-se. Rir de si mesmo é fundamental…😜

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Espero que este modelo e as dicas acima possam descortinar áreas de desenvolvimento e alavancar os resultados em sua jornada!

Trabalhando remotamente de forma consistente desde 2015, tive o privilégio de encontrar pessoas incríveis ao longo do caminho que me ensinaram, apoiaram e viveram comigo diversas dores, delícias e surpresas que contribuíram com o meu desenvolvimento. Minha intenção aqui é compartilhar o que venho aprendendo e seguir trocando com a comunidade de Facilitadores.

Fernando Murray Loureiro
Praticante das Estruturas Libertadoras, Designer de Processos de Grupo e Fã da Aprendizagem Experiencial.

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